Memória, reconhecimento e reparação

A discussão sobre memória, reconhecimento e reparação atual tem como marco histórico o debate ocorrido durante a conferência de Durban, em 2001, com ampla liderança dos movimentos negros brasileiros, posicionando a memória como aspecto central em políticas reparatórias relacionadas a dívidas históricas, resultado do reconhecimento da escravidão como crime contra a humanidade.

Em 2023 esse debate ganhou fôlego e novos contornos, seja no âmbito global, com destaque para os diálogos do Fórum permanente da ONU para populações afrodescendentes, seja nacionalmente, com a aprovação de uma nova Lei de Cotas para acesso à universidade, bem como pela visibilidade a casos paradigmáticos de pesquisa e articulação voltados à reparação histórica.

Ao discutir a memória enquanto meio de reparação, destacamos a sua importância na criação, avanço e sustentação de políticas públicas e iniciativas que visam reduzir desigualdades antigas e persistentes. A produção da memória sobre a história do Brasil, sob perspectiva das lembranças e experiência da população negra e de seus movimentos sociais, é tarefa urgente, mas também sensível e delicada, que deve ser promovida e defendida por todas as pessoas comprometidas com a democracia.

Nos últimos anos, o Ibirapitanga se voltou a aprofundar o conhecimento sobre estratégias em torno de memória, reconhecimento e reparação, por meio de doações, ações especiais e parcerias. No caso das doações, os apoios buscaram promover a preservação e disseminação de acervos de memória de lideranças, organizações e movimentos negros; fortalecer pesquisas e levantamentos históricos, arquivos e museus afrorreferenciados; e fomentar as conexões entre a dimensão do resgate da memória negra e da proposição de políticas públicas reparatórias. Parcerias com editoras e acervos permitiram conexão com atores e intelectuais desse campo, que resultaram em 2022 no apoio à visita da autora Saidiya Hartman ao Rio de Janeiro e a Salvador.

Além das doações e parcerias, o instituto realizou uma viagem de imersão em maio de 2023 aos Estados Unidos para avançar na aprendizagem, estabelecer e estreitar interlocução com organizações negras e iniciativas do campo de memória e reparação no país. Em setembro de 2023, esse percurso de aprendizagem encontrou pesquisadores e lideranças de movimentos e organizações negras na realização do seminário Memória, reconhecimento e reparação, com cocuradoria de Luciana Brito e cofinanciamento de Imaginable Futures.

No mês da Consciência negra o chamado por memória, reconhecimento e reparação reverbera na newsletter do Ibirapitanga, reunindo conteúdos que compartilham o conhecimento sobre o tema por ações de organizações donatárias, ações especiais e parcerias do Ibirapitanga. 

Boa leitura!