Memória e reparação da reflexão às práticas
Quando abordamos como perspectiva a defesa da construção e ampliação de políticas de memória e reparação, uma questão frequente neste debate é a necessidade de dar concretude a ele. Quais são as possibilidades e a extensão da necessidade de estímulo à memória e ações reparatórias?
Ainda que não haja consenso sobre essa questão, muitas experiências neste âmbito estão sendo produzidas e podem servir de exemplos para alimentar o repertório para políticas reparatórias.
Conheça algumas ações que vem aprofundando práticas e produzindo conhecimento no campo de memória e reparação.
O Projeto Afro Memória organizado pelo Arquivo Edgard Leuenroth em parceria com o Núcleo de pesquisa e formação em raça, gênero e justiça racial — Afro CEBRAP, recupera, preserva e difunde a memória negra por meio dos Cadernos Afro Memória, que abordam determinada trajetória de atores e organizações ou temática presentes nos acervos da luta antirracista.
Iniciativa Negra por Direitos, Reparação e Justiça é a primeira publicação nacional da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas. Traz um panorama das medidas de reparação e justiça do país e análises sobre como a atual política de drogas contribui para um cenário de injustiças criminais e de aprisionamento em massa da população negra, resultando em violações de direitos e morte.
O IDAFRO — Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras é uma organização que tem como missão a defesa da liberdade de crença, a luta pela superação do racismo religioso e a promoção dos direitos das religiões afro-brasileiras, seu acesso à Justiça, bem como à defesa do patrimônio cultural, material e imaterial herdado a partir dos povos africanos escravizados e seus descendentes.
Exposição “Um defeito de cor” no Muncab – Salvador
A exposição marca a reabertura do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira – Muncab e faz parte da programação do Novembro Salvador Capital Afro, que reconhece a contribuição da população negra na formação da civilização brasileira. Com curadoria de Ana Maria Gonçalves, Marcelo Campos e Amanda Bonan, a exposição foi escolhida devido à sua relevância artística, histórica, literária e cultural, além da capacidade de promover a compreensão, o diálogo intercultural e o fortalecimento do museu como um polo cultural de destaque.
O Acervo é a integração de objetos sagrados de religiões de matriz africana, anteriormente depositados no Museu da Polícia Civil por consequência de processos de violação de direitos de comunidades majoritariamente negras, de Umbanda e Candomblé. Os objetos foram libertos após ampla mobilização de lideranças de terreiros e representam um marco para ações similares em todo o Brasil. O Museu da República foi escolhido como novo abrigo, por sua função social, experiência e compromisso com a reparação de injustiças. Atualmente, o Acervo Nosso Sagrado está disponível na plataforma “Google Arts & Culture e terá uma exposição aberta ao público, em dezembro de 2024, no Museu da República, no Rio de Janeiro.