Nós somos o começo, o meio e o começo

“Nós somos o começo, o meio e o começo. Existiremos sempre, sorrindo nas tristezas para festejar a vinda das alegrias. Nossas trajetórias nos movem, nossa ancestralidade nos guia.” (Mestre Antônio Bispo dos Santos)
Reside neste verso de Nego Bispo uma mensagem sobre confiança no trabalho cíclico, em especial das comunidades negras. É acreditando nessa existência infinita guiada por quem veio antes, que os movimentos negros incidem sobre os ciclos políticos rumo à garantia do pleno direto ao bem-viver. Exemplo disso, a criação, manutenção e aprimoramento das políticas de ação afirmativa, longe de serem medidas pontuais, conectam-se com uma visão ampla de reparação à escravidão e suas consequências para a população negra.
Neste novo contexto, há o reconhecido êxito da Lei de Cotas no ensino superior brasileiro com a vitória consolidada na manutenção da política pública, após seu primeiro ciclo de 10 anos; bem como há algumas melhorias trazidas pela Lei 14.723/2023. Assim, os movimentos negros demandam um projeto político mais abrangente — um sistema integrado de ações afirmativas que considere os ensinos fundamental e médio, mercado de trabalho, funcionalismo público, sistema de justiça e diplomacia; além da criação de um mecanismo oficial de produção de dados que permita mensurar os efeitos do racismo no Brasil para desenhar, monitorar e avaliar os resultados das políticas públicas de promoção da equidade racial.
Na primeira newsletter do Ibirapitanga de 2024, mergulhamos no universo histórico das ações afirmativas como reparação e nos horizontes cíclicos da política e de outros movimentos negros.