Apesar de constituir maioria populacional no Brasil, a população negra encontra-se subrepresentada nos parlamentos estaduais e federais. Ao longo dos últimos meses, iniciativas de organizações apoiadas pelo Instituto Ibirapitanga vêm atuando no sentido de criar viabilidade para a ampliação do número parlamentares negras/os por meio do voto, incluindo ações de formação e de visibilidade para suas candidaturas. 

Para além de aumentar a presença de pessoas negras nesses cargos, essas iniciativas centralizam a importância de fortalecer candidatas/os cuja trajetória seja marcada pelo antirracismo a partir de atuações coletivas, como forma de garantir mais consistência e representatividade aos mandatos, considerando a necessidade de pertinência e continuidade do histórico do movimento negro dentro e fora da política institucional. 

A partir desses esforços, um panorama de candidaturas negras se forma e também torna mais acessível seu conhecimento para o exercício do antirracismo através das urnas por toda a população brasileira, incluindo pessoas brancas – passo necessário para a consolidação de uma democracia, baseada na equidade racial.

Conheça um pouco mais duas dessas iniciativas a seguir.

Plataforma Quilombo nos Parlamentos 

A Coalizão Negra por Direitos lançou a plataforma Quilombo nos Parlamentos, iniciativa de apoio a mais de 100 pré-candidaturas de pessoas ligadas ao movimento negro, que concorrerão a cargos no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas no Brasil.

A iniciativa tem como objetivo a redução do hiato de representatividade das pessoas negras no poder legislativo e contribuir para um projeto de país mais justo, alinhado à luta antirracista.

O Quilombo nos Parlamentos é uma iniciativa suprapartidária voltada a estruturar, articular e mobilizar o movimento negro no Congresso Nacional, que conta também com uma carta programa, com 14 princípios, 25 reivindicações e exigências que representam o conjunto de pautas dessa ampla articulação.

Estamos Prontas

Ao olharmos para a intersecção de gênero e raça, mulheres negras são também maioria no país, bem como a base organizativa da sociedade, como intelectuais, lideranças comunitárias e de movimentos e chefes de família. 

A iniciativa Estamos Prontas, uma parceria entre o Instituto Marielle Franco e o movimento Mulheres Negras Decidem, busca fortalecer candidaturas de mulheres negras que são lideranças coletivas, oferecendo-lhes um maior acesso a recursos e a oportunidade de desenvolver habilidades específicas para a disputa eleitoral. 

O esforço de Estamos Prontas é voltado à consolidação de uma rede diversificada de mulheres negras operadoras da política institucional e comprometidas com o aprofundamento da democracia.

Conheça o projeto na visão de suas coordenadoras.

Mais sobre eleições e antirracismo

_Propostas para a população negra: quem assume esse compromisso?

Um levantamento realizado pela agência de jornalismo Alma Preta revela que, dos 11 candidatos à presidência da república nas eleições de 2022, apenas cinco possuem propostas para a população negra em seus planos de governo. Os outros seis não chegam a citar população negra em suas propostas. 

A partir do levantamento, o Alma Preta elaborou uma lista com as propostas voltadas à população negra dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Léo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU).

O site do Alma Preta conta também com a tag Eleições 2022, que reúne os conteúdos da cobertura da agência sobre a questão racial no período eleitoral, com matérias que apresentam candidatas/os e tratam dos temas centrais a respeito da pauta de enfrentamento ao racismo na política institucional.

_Francia Márquez no Brasil

A vice-presidenta eleita da Colômbia Francia Márquez se reuniu em julho, com pré-candidatas e parlamentares negras, em um encontro organizado por entidades negras e da sociedade civil, como o Instituto Ibirapitanga, Instituto Marielle Franco, Fundación Avina, Mulheres Negras Decidem, Instituto Alziras e Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.

O evento pautou os desafios e estratégias para as eleições brasileiras a partir da experiência da Colômbia, que recém elegeu Gustavo Petro, presidente de esquerda, e Francia Márquez, a primeira vice-presidente negra do país. Na ocasião, Francia Márquez afirmou acreditar que o Brasil terá presidente negra no futuro, um projeto político já defendido pelo movimento brasileiro de mulheres negras.